sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um itenerario até a criação desportiva de canarios de cor

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No início da criação de canários olhamos distância para o aspecto desportivo com algumas reservas. A medida que ganhamos confiança e sucesso na reprodução dos nossos canários, pensamos em anilhar as nossas aves e colocamos a hipótese de nos filiarmos num clube para obtermos anilhas desportivas com o nosso stam (numero de criador nacional o equivalente ao numero de bilhete de identidade de cidadão nacional). Mais tarde começamos a visitar exposições ao olharmos atentamente as aves a concurso verificam que se calhar também poderíamos competir, pois os nossos canários têm valor.

Superado o desafio da criação, o patamar desportivo é muito mais exigente. Obter crias não chega pois para ser competitivo devemos ter como objectivo obter canários dentro do estalão ou standard. Significa que as nossas aves devem se aproximar o mais possível de um ideal ou padrão desportivo pré definido. Como criador desportivo de canários de cor procuro-me em obter aves competitivas e dentro do standard O.M.J/C.O.M. Já seleccionei os casais reprodutores.

O STANDARD O.M.J./C.O.M DOS CANARIOS DE COR, é um documento de referencia escrito da Comissão Técnica de Canários de Cor cujo autor é o Juiz Joaquim Cerqueira da Cunha. Penso que todos os criadores sócios de clubes ornitológicos filiados na FONP, podem comprar esta publicação através do seu clube.
Quando participamos num concurso os canários são avaliados segundo vários itens, que constam no STANDARD O.M.J./C.O.M DOS CANARIOS DE COR. No caso dos canários brancos recessivos, inseridos no grupo LIPOCROMICOS APIGMENTADOS, a ficha de avaliação contém os seguintes parâmetros :
Lipocromo - máximo 55 pontos
Plumagem - máximo 15 pontos
Forma e Tamanho - máximo 15 pontos
Porte - máximo 10 pontos
Impressão - máximo 5 pontos.
O parâmetro mais importante (vale 55 pontos face a 45 pontos dos restantes itens) é sem dúvida o Lipocromo. Um branco luminoso e brilhante terá uma avaliação de Excelente e será pontuado com 52 pontos. Uma avaliação de Bom, é devido a uma ligeira opacidade do branco e a pontuação varia entre 49 e 51 pontos.
A melhoria deste parâmetro, poderá ser atingida por uma melhor selecção dos reprodutores, ou seja através de uma boa escolha. Ou será que um canário Branco Recessivo avaliado como Bom na rubrica Lipocromo, foi prejudicado por uma lavagem deficiente da sua plumagem?
A nível competitivo o pormenor pode fazer a diferença ente um Campeão e um bom pássaro. O conhecimento e a leitura atenta do STANDARD O.M.J./C.O.M DOS CANARIOS DE COR, pode ajudar a entender as avaliações feitas numa ficha de julgamento.
Quando levo um pássaro levado a concurso e ele não atingiu as minhas expectativas, tento entender as avaliações feitas na ficha de julgamento. O livro de registo de criações onde consta o nome dos reprodutores e o número das anilhas de pais e filhos e as respectivas fichas de julgamento, permite visualizar o caminho selectivo feito na escolha dos acasalamentos. No final da época de reprodução os canários brancos recessivos do ano seleccionados para concurso, irão prestar provas. Só assim um criador desportivo de canários de cor sabe o valor competitivo de seu plantel. Na mesa de julgamento um bom canário sabe se comportar face ao olhar atento de um juiz. Por vezes a falta de preparação da ave para estes momentos de stress, não é feita pelo criador ou o carácter nervoso do canário é dominante face ao treino ministrado.

O desafio desportivo é grande e o trabalho é exigente, em Portugal cada vez mais existem bons criadores e aves muito competitivas. Basta analisar os resultados dos criadores portugueses no 58 Mundial de Ornitologia de Matosinhos. O sonho é sempre obter uma medalha mundial, para isso continuo a caminhar, pois como diz o poeta “o sonho comanda a vida”.
Concluindo, e resumindo peço permissão para citar Alfonso Babra – “existem dois tipos de aficionados os que convertem pássaros bons em maus e os que de pássaros bons conseguem pássaros muito bons. “





quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

58º Campeonato do Mundial de Ornitologia

Em 24 de Janeiro 2010 terminou o 58º Campeonato do Mundial de Ornitologia, realizado em Portugal. Na minha opinião foi um sucesso e a Comissão Executiva deste evento esta de parabéns.

Em alguns foruns, membros que apenas foram visitar o evento, teceram comentários que minimizavam a importância deste evento internacional. Fiquei triste pois como voluntário acompanhei toda a montagem na Feira Internacional do Porto. A coordenação de toda a logística e o numero de voluntários envolvidos foi impressionante. Os pequenos problemas e os imprevistos associados a colossal manipulação de dados informáticos envolvidos nas listagens, impressão de etiquetas, lançamento de classificações, e outras operação com a base de dados foi muito exigente e fastidiosa. O cumprimento de objectivos implicou trabalho prolongado pela noite dentro, do Rui Vale e de Raul Leitão muitas horas fora da família, pedir antecipação de férias nos empregos.

No inicio do mês de Janeiro, o pavilhão nº6 da Exponor, começou a receber as gaiolas de cartão, já montadas. A planta com a disposição das filas de expositores e dos stands, permitiu começar a montagem e distribuição de todo o material necessário para receber as aves a concurso. Foram 3 camiões TIR trouxeram as gaiolas de cartão o restante material foi transportado por carrinhas de mercadorias. Um grupo de voluntários e elementos da organização e da Comissão Executiva, efectuaram as descargas e montaram as estantes, em linhas previstas no projecto inicial.


No dia 15 de Janeiro, a tarde chegaram os primeiros convoyeurs. Os convoyeurs são as pessoas responsáveis pelo transporte das aves deste o país de origem até a exposição. Em cada país é efectuada a recolha das aves inscritas para o Campeonato do Mundial de Ornitologia. Durante a viagem e até o engaiolamento os convoyeurs tem a tarefa de dar de beber e alimentar as aves. Chegados ao local da exposição verificam e zelam pelo bem estar das aves, colaboram na distribuição e alojamento nas respectivas gaiolas de exposição devidamente referenciadas. Muitas aves chegaram de avião pois a viagem é mais rapida. A variedade de espécies e tipos de alimentação de cada uma é um desafio constante para manter as aves em boa e com o menor stress possível. A tarefa dos convoyeures é muito importante, pois são eles que melhor conhecem os hábitos alimentares das aves que transportaram. Terminado o engaiolamento para concurso, os transportadores são limpos para estarem prontos a receber as aves e as levar de regresso aos respectivos países.

No dia 16 de Janeiro chegaram as aves portuguesas. Transportadas pelos próprios criadores ou trazidas em transportes organizados e fretados pelos clubes. Foi uma ocasião de eu rever caras conhecidas e falar com amigos nomeadamente o Zé Carvalho, o Tony Duarte, o Dionísio. Neste dia levei o meu canário de cor e senti-me muito pequeno face a outros criadores que inscreveram algumas dezenas de aves. Levei um canário branco recessivo classificado em 3º lugar com 90 pontos na XXX Exposição do Clube Ornitológico de Matosinhos. A minha previsão era tirar 88 pontos o que já me deixaria contente. A minha preformance foi melhor do que eu esperava e o meu canário obteve 89 pontos na minha primeira participação num Mundial.


No dia 18 e 19 Janeiro efectuaram-se os julgamentos. Quando via um grupo de juízes a volta das ultimas 2 ou 3 gaiolas, numa observação atenta das expressões do juízes, constatei que nem sempre é fácil decidir quem vai ser o campeão.

No dia 20 de Janeiro, as empresas de produtos para aves começaram a montagem dos seus stands. Entretanto a organização preparava e colocava nas gaiolas as etiquetas individuais com as classificações. No pavilhão 7 chegavam os últimos criadores e comerciantes de produtos para aves para montarem os seus stands de venda. Quem não tinha stand ocupava o seu lugar nas mesas de venda. O frenesim de entradas e saídas de materiais, pessoas e mercadorias eram constante. O bar era o local de encontro e pausa para retempero de energias. Nas mesas ouviam-se conversas em vários idiomas. Neste evento tive oportunidade de trocar ideias e conhecer outras realidades e culturas.


Muito caminho foi percorrido pela Comissão Executiva, pois tiveram de efectuar diligências e apresentar um projecto às entidades oficiais da C.O.M, em conjunto com a C.M. Matosinhos, para garantir e ganhar a candidatura para a realização deste 58º Campeonato do Mundial de Ornitologia. No dia 21 de Janeiro tudo estava pronto para a Abertura e Inauguração.


Sábado 23 de Janeiro, dia aberto ao publico, foi com muito gosto que voltei a encontrar o meu amigo Manuel Marinho, que se deslocou propositadamente de Bruxelas para visitar este 58º Campeonato Mundial. Muitos espanhóis e de outras nacionalidades também marcaram presença. Do sul de Portugal também vieram muitos visitantes o telemóvel do Manuel Marinho não parava de tocar pois a ocasião era de encontro e de conhecer as caras anónimas que frequentam os fóruns de aves na Internet. O meu amigo José Veiga administrador do forum avespt, também teve oportunidade de conhecer pessoalmente o Manuel Marinho, membro muito activo do fórum avespt.

Domingo de manhã 24 de Janeiro, fora do recinto da Exponor era difícil de arranjar lugar de estacionamento. Ultimo dia de exposição a afluência de publico foi maciça. Por volta da 17 horas começaram a convidar a sair os últimos visitantes. Chegadas as 17 horas começou a chamada dos expositores para entrega de aves. Cada expositor era acompanhado por um elemento da organização que o levava ao local onde estava a sua ave que depois de entregue assinava uma folha de confirmação. No fim era acompanhado até a uma saída diferente do local de entrada. Eu passei por este procedimento e no final ao passar pelo Pavilhão 7 onde se realizou a feira de aves senti que tive o privilégio de ter vivido uma experiência única, como criador de canários de cor.

Muito fica por contar, pois é impossível relatar tudo o que vivi e focar outros aspectos importantes ligados a este evento. Peço desculpa a quem se sentir melindrado pelo facto de não ter sido nomeado nesta cronica e ter partilhado comigo todas as vivências deste evento. No Catalogo Oficial existe uma lista de nomes que termina com a expressão “e muitos outros” que define muito bem o sentimento de não querer esquecer ninguém.

Agradeço a oportunidade e o convite que me foi feito pela FONP, por intermédio de Carlos Ramôa para participar como voluntário, neste memorável 58º Campeonato do Mundial de Ornitologia realizado em Matosinhos e organizado em Portugal.


PS: Pode ouvir uma entrevista a Carlos Ramôa feita por Rui Tukayana da TSF durante o último Campeonato do Mundo de Ornitologia.

http://tsf.sapo.pt/Programas/BlogsMaisCedo.aspx?content_id=1016877&audio_id=1485671