No inicio do ano corrente, comprei dois casais de canários verdes, não anilhados. Pássaros muito ariscos, e nervosos. Coloquei os casais em gaiolas grandes duplas tapadas, só com grades na frente.
Sem muitas esperanças em obter ovos este ano, lá os tratei normalmente como os outros casais. Mistura de sementes para canários, normal tipo light, papa (farinhada) Cê-Dê misturada com germinado. Como na primeira postura dos meus canários de cor não obtive os resultados esperados, acrescentei a papa misturada com germinado, vitaminas energovis e um probiótico, o fermento plus da Chemivit.
Coincidência ou não estes casais de canários verdes la colocaram ovos. Infelizmente perdi uma fêmea verde penso que com um ovo atravessado. Embora o tenha expulsado a custo depois de eu ter untado a coloaca com azeite. Analisando o caso penso que falhei ao faltar com semente de níger (a mistura light não tem) e não ter acrescentado cálcio a papa.
Infelizmente as fêmeas verdes, não faziam ninho, embora depositassem os ovos nos cestos. Sempre se recusaram em chocar excepto a ultima postura que fizeram até agora. Esta excepção deve-se ao facto de no fim de semana o local onde estão alojados não ser perturbado com visitas aos arrumos em obras.
Guardei e substitui os ovos a medida que iam sendo postos, com a esperança de mais tarde os colocar sob uma canária de cor. Surgiu a oportunidade e la arranjei uma ama para chocar os ovos. Sem qualquer esperança la aguardei o fim dos 13 dias de choco. Na data prevista e chegado perto da gaiola, ouvi o piar do recem nascido. Numa analise mais atenta olhei para o chão da gaiola e vi metade da casca de um ovo. Finalmente nasceu qualquer coisa!
Confirmado que os machos verdes cumpriram a sua parte, faltava agora ver quantos filhotes nasceram. Tive de afugentar a fêmea do ninho e ver. Nasceram 2 crias, dois ovos não eclodiram. Pretinhos e muito pequenos pele lustrosa, mas muito fraquinhos. Agora tinha de ver se seriam alimentados pelos pais adoptivos. Este ponto era uma incógnita pois a fêmea foi uma troca que eu fiz para desenrascar um colega que tinha "um casal de fêmeas".
Outro contratempo foi que durante o choco esta fêmea esteve doente. No ninho chegou a ter a cabeça debaixo da asa, nessa altura peguei nela e verifiquei que tinha o peito quase seco. Ataquei o mal logo com comprimidos bioserine, 1 comprimido durante 5 dias. Felizmente recuperou sem abandonar o choco. Depois deste tratamento continuo a dar vitaminas complexo B misturado na agua.
Os canários recem nascidos, geralmente no primeiro dia podem aguentar sem serem alimentados, por isso não me preocupei quando os vi muito vivos, mas de papo vazio. No segundo dia achei estranho continuar tudo igual embora observei menos vitalidade. Na manhã do 3º dia aconteceu o que eu temia, uma cria morta e a outra sem animo pele baça encovada, com sinais de desidratação. Não estou habituado a lidar com estes casos, pois não uso amas nos canários de cor, nem auxilio os pais na tarefa de alimentar as crias.
Bom tinha de intervir e fazer algo bem ou mal, pois ficar parado ou esperar seria fatal. Lembrei-me de ler um texto da veterinária brasileira Stella M. Benez. Nesse artigo chamava a atenção do perigo da desidratação das crias. Apresentava uma receita para administrar via oral um soro, feito com sal e açúcar. Será que vale a pena? Pensei nessa altura.
Já la vão uns anos, fui visitar uma exposição, vi e comprei uma sonda, (agulha com o bico redondo para seringa) próprias para alimentar e/ou administrar medicamentos líquidos. Sem muitas esperanças, aspirei agua simples para a seringa, abri o frágil bico e lá injectei agua directamente no papo. Depois, comecei a ver o bico meio aberto e respiração ofegante. Olhei para a cria, pele repuxada e seca. Os pelos pareciam suados. Tens poucas hipóteses pensei. La o voltei a colocar no ninho e juntei ao mesmo casal.
Como a fêmea tinha estado doente, mais ou menos uma semana antes, pensei seria melhor acrescentar à papa, o Tabernil Cria, (pó antibiótico vitaminado). Continuei a fornecer na agua de bebida vitaminas do Complexo B.
Passadas umas horas fui vigiar, esperando encontrar o pior. Surpresa!!!! A cria estava alimentada com o papo cheio, a pele recuperou o lustro/vitalidade e os pelos estavam secos. Houve uma melhoria com o tratamento/manejo aplicado.
Ganhei a primeira batalha contra a inercia (não fazer nada/ter medo de errar), mas falta ainda passar algum tempo para ter certezas.
Sempre na dúvida, e para confortar as minhas ideias, pensei nas palavras que aprendi com um velho jardineiro. "Pior que fazer mal é não fazer nada."