sábado, 5 de fevereiro de 2011

Criticar é fácil julgar é difícil.

No Magazine Ornitológico nº2 na página 55 li uma carta ao Director que me merece uma reflexão sobre a história que lá é contada.

Um criador desportivo veterano levou a mesma ave a duas exposições diferentes e recebeu numa 92 pontos e noutra 88 pontos. Ficou escandalizado com a diferença de pontos para o mesmo pássaro.

O curioso é que não é dito em que rubrica dos itens da folha de julgamento é abissal a diferença de pontos. Basta haver a diferença de 1 ponto em 4 itens diferentes para no somatório final dar a diferença apontada. Também não é referido o tipo de ave, nem qual o nível da exposição, se foi numa inter-socios, inter-clubes, regional, internacional, nacional.

Fácil foi fazer uma crítica a todos os juízes e lançar suspeitas sem averiguar o que se passou. Se tem suspeitas sobre o juiz em causa deveria expor o seu problema no local próprio. Numa situação destas o normal seria fazer uma reclamação por escrito a organização da exposição onde se sentiu prejudicado. Mandar uma cópia da reclamação ao Colégio de Juízes. Não é na praça pública enxovalhando todos os juízes e a ornitologia desportiva, que serão corrigidos os erros, nem averiguadas as responsabilidades, se as houver.

O estranho desta história é que a pessoa queixosa é criador a vários anos. Penso que conhece o que eu vou expor. Um juiz julga o que vê num período de tempo curto. As aves são alojadas em gaiolas diferentes, o local é estranho, a comida não é a habitual, os tratadores são outros. Também o facto de a mesma ave ser levada na mesma época a mais que uma exposição pode condicionar o seu estado. As gaiolas quando são trazidas para a mesa de julgamento, é raro mas acontece que por vezes acontecem acidentes. Nas exposições a luz do local onde esta a mesa de julgamento sofre variações ao longo do dia. A luminosidade ao meio dia é diferente daquela ao fim da tarde. Para ultrapassar esta situação agora nas exposições as mesas dos julgamentos estão debaixo de iluminação artificial que imita a luz do dia. Por outro lado a falta de juízes em número suficiente para acudir a várias exposições num mesmo fim-de-semana, faz com os juízes apreciem extensos lotes de aves num mesmo dia. Às organizações por razões económicas, não interessa que os juízes se desloquem dois dias para os julgamentos se o número de aves para o segundo dia for pequeno. O número de variedades de cor e tipos não podem ser aferidos por instrumentos ou aparelhos de medida. Não aceitar estar sujeito a estas variáveis é viver num mundo de fantasia.

É de lamentar que atendendo ao número de aves julgadas nas exposições portuguesas em 2010, apenas seja dado tanto relevo a uma discrepância de pontos. Claro que não deveria acontecer, mas errar é humano. O trabalho de um juiz nem sempre é fácil pois esta sempre sujeito a ser julgado sumariamente. Acredito que 99% são pessoas Humanas que dão o seu melhor. Por isso levo sempre os meus canários de cor a exposição do meu clube. Por vezes ganho e outras vezes perco pela diferença de 1 ponto e não me queixo, nem levanto suspeitas sobre a honestidade do juiz.

O descontentamento e a impulsividade não é uma atitude desportista. Na praça pública não se resolvem este tipo de problemas. È grave que uma só pessoa que assina uma carta se diga porta-voz de muitos criadores. Numa modalidade que se diz amadora e com tantos criadores que julgam os julgamentos, é pena que não haja mais juízes. Porque será?

2 comentários:

Rui Sá disse...

Olá amigo Armando.
Este ano aconteceu-me o mesmo e não lamento.
No Internacional do Atlântico 2 das minhas fêmeas lipocromico amarelo mosaico tiveram uma honrosa pontuação de 91 pts, atribuido por um juiz holandês. As mesmas aves nas exposição do nosso clube, Clube Independente Ornitologico de Matosinhos as mesmas aves a uma foi atribuido 87 pts e a outra 88pts.
Para resumir, o intervalo entre uma exposição e outra não foi suficiente para as aves se recomporem. Estavam gordas e as penas não eram luminosas e perfeitas. A culpa não foi do juiz foi minha. Levei as aves, porque não tinha muitas mais e queria participar na exposição do meu clube com mais algumas aves.

Abraço

Birdsblog disse...

Olá caros amigos e colegas.
Também sou criador e já vi vários julgamentos de exposições ornitológicas.
Amigos, já vi um pouco de tudo erros inacreditáveis para o mal e para o bem.
Os juízes são criadores, como nós. Certo?
Os juízes antes de serem avaliadores de outras aves, já eram criadores. Certo?
Os juízes, como criadores têm preferências nos planteis que mantêm e criam. Certo?
Os juízes, por norma vão ao estrangeiro comprar novos canários para melhorar as suas os seus planteis. Certo.
Também erramos quando escolhemos as nossas apostas para as exposições. Certo?
Então, quando eles concorrem nas exposições ganham sempre? Nem sempre!
Mesmo quando estes criadores (juízes) vão além fronteiras, perdem e ganham como todos os criadores que submetem as suas aves a um julgamento.
Os juízes, como eu, têm gostos e preferências nas aves que criam, tentam estar o mais próximo do standard mundial. Hora, se eu fosse juiz talvez inconscientemente julgava as aves que via segundo aquilo que crio em casa, sei que não correcto e que não o deveria fazer!
Mas é muito complicado mentalmente separar o que gosto do que vejo.
Estou de acordo com o Armando, há aves que melhoram de exposição para exposição, há outras que pioram.
Ex.
Um Gloster se tiver uma alimentação muito diferente daquela que o seu dono lhe dá, durante a preparação de uma exposição (não esquecer que as aves ficam vários dias em locais diferentes antes de chagarem ao Juiz), quando for julgado de porte em muitos casos só tem o nome.
Um canário branco, se andar sempre no chão da gaiola de exposição é natural que no dia de julgamento tem as penas em mão estado.
Um exótico, que não esteja habituado as pessoas (staff) da exposição fica nervoso à frente do juiz.
Estes três casos de muitos outros penalizam as pontuações das aves a concurso.
Já este último (exótico) pode melhorar muito a sua prestação com o decorrer uma exposição. Com o "banho" de visitantes que leva, vais estar muito mais calmo, o que vai ajudar muito a aves no item, comportamento geral, numa segunda exposição.
Pode levar mais 2 ou 3 pontos só aqui.
Meus amigos e colegas, perder e ganhar é desporto!
Para acabar, temos na minha humilde opinião, várias classes de criadores.
1-Criadores, que criam e anilham as aves mas, não participam nas exposições, estes são criadores que gostam das aves que criam.
2-Criadores, que criam e anilham as suas aves com algum critério, participam nas exposições só na desportiva, não ligam aos primeiros só gostam de ver as suas aves por lá.
3-Criadores, que criam e anilham as suas aves e gostam de saber como se portaram as suas aves durante o ano, tentando melhorar todos os anos e que já gostam de ver, se tiverem uns primeiros, segundos e terceiros lugares “lócura”, participam em exposições e gostam de ver as suas aves bem pontuadas, mas levam a coisas numa de ganhar e perder é desporto.
4-Criadores, que criam e anilham as suas aves, investem duro em novos sangues, reprodutores (base genética) com o objectivo de melhorar, com o intuito de ganhar nas exposições onde participam, estes por norma como investem muito não gostam muito de perder, mas ...
5-Criadores que criam e anilham as suas aves, estes são conhecidos devido às boas classificações obtidas nas exposições, as suas aves têm sempre valores monetários elevados para o criador iniciado, estes por norma gostam muito pouco de perder. Pois têm um nome a defender.
6-Criadores, que criam e anilham as suas aves e fazem tudo o que os criadores anteriores (5) fazem, só com uma diferença, são também juízes.
Agora tirem as vossas conclusões.